sexta-feira, 17 de março de 2017

Exposição ocupacional: Cobalto


Metais pesados - Cobalto


Todas as substâncias que interagem com os seres vivos, quando em excesso, podem se tornar tóxicas. O cobalto (Co), assim como todos os micronutrientes essenciais, apresenta duas zonas de exposição incompatíveis com a vida: tanto a deficiência como o excesso podem levar à doença ou à morte (National Research Council, 1989; Mertz, Abernathy, Olins, 1994).

            Para a população em geral, a dieta representa a principal fonte de exposição ao Co. Não existe recomendação oficial para ingestão diária de Co, exceto no que se refere à vitamina B12 (National Research Council, 1989).

A partir de estudo à cerca do impacto ambiental da atividade industrial de exploração de Cobalto (Co) em uma região do Egito os seguintes valores foram descritos:
Figura 1:Fontes de exposição ambiental ao cobalto e concentrações relatadas na literatura


A principal utilização industrial do Co é na produção de ligas metálicas, nas quais a exposição ocorre durante o processo de moagem do minério, mistura do pó com os outros componentes, sinterização e posterior usinagem do aço na produção de ferramentas e peças para maquinários, tais como brocas e discos para polimento (Wehner et al., 1977; Scansetti et al., 1998). Um terço do Co é utilizado na produção de outras formas químicas, como catalisadores e pigmentos (Goyer, Cherian, 1995).


Figura 2: Mineradores em condições precárias de trabalho expostos a agentes químicos e físicos.



Absorção e Efeitos Tóxicos

A exposição ocupacional envolve principalmente o trato respiratório e a pele, sendo o órgão alvo dependente da via de exposição. Considerando as principais vias de exposição ocupacional.
Experimentos realizados em ratos (Rhoads, Sanders, 1985) mostraram que, quando o óxido de cobalto é inalado por instilação intratraqueal (1,5 µg/g), fica retido no pulmão por período relativamente longo, com meia vida de, aproximadamente, 15 dias, demonstrando que a absorção pulmonar é lenta para este composto.

Trato respiratório
De acordo com os relatos de Tolot et al. (1970) e Kusaka et al. (2001), diferentes tipos de reações podem afetar tanto o trato respiratório superior como também a árvore brônquica e o parênquima pulmonar. O efeito no trato respiratório superior ocorre ou como resultado de ação irritativa de partículas contendo Co, ou por intermédio de reação mediada imunologicamente. Em trabalhadores expostos, pode-se observar inflamação da nasofaringe ou rinite alérgica. A hipersuscetibilidade individual desempenha, provavelmente, papel importante, uma vez que apenas pequena porcentagem de trabalhadores expostos ao Co desenvolve fibrose intersticial. Em alguns estudos, verificou-se não existir boa correlação entre o estabelecimento da fibrose e o tempo de exposição (Demets et al., 1984).

 Pele
Em uma indústria de manufatura de carbetos, cujos materiais utilizados incluíam Co metálico, observou-se aumento progressivo dos casos de dermatite, sugerindo que o Co pode provocar eczema e urticária (Schwartz et al., 1945). Reações dérmicas também já foram observadas em trabalhadores que produziam sais e óxidos de Co (Swennen et al., 1993). Estas reações se assemelham a dermatite alérgica de contacto caracterizada por pápulas eritematosas, que se assemelham muito àquelas provocadas pelo níquel

Efeito carcinogênico
Em vários estudos epidemiológicos realizados com trabalhadores expostos ao Co nas suas diferentes formas foi constatado aumento no número de casos de câncer de pulmão. A autenticidade da origem ocupacional da doença não pôde ser estabelecida devido ao número muito baixo de casos, além de estar associado ao tabagismo e à exposição simultânea a arsênio e níquel (Mur et al., 1987; NIOSH, 1987; Comission of European Communities Industrial Health and Safety, 1987; Hogsted, Alexandersson, 1990).

Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico é baseado em um histórico de exposição e ocorrência de danos pulmonares compatíveis. O tratamento consiste em remover o paciente da fonte de cobalto iniciando o tratamento suportivo e sintomático; N-acetilcisteína e CaNa₂EDTA, mas não há evidencias clinicas do benefício.  

Referências

    Atecla Nunciata Lopes Alves1*, Henrique Vicente Della Rosa2. Exposição ocupacional ao cobalto: aspectos toxicológicos. vol. 39, n. 2, abr./jun., 2003
  Soares Jose L.M.F et. Al. Métodos diagnósticos: Consulta rápida. 2ª edição, 2012; editora Artmed.
    Goldman Cecil Medicina. Vol. 1 ed. 24.
    Mertz W., Abernathy C.O., Olin S.S.; Risk Assesment of Essencial Elements. ILSI Press, Washington, D.C. 300pp., 1994.  




Exposição Ocupacional: Benzeno


          Solventes Orgânicos - Benzeno 

 Exposição ocupacional é um conceito que remete a contaminação de seres humanos por agentes químicos, físicos e biológicos no ambiente de trabalho de modo agudo e crônico. A fim de ampliar as discussões sobre este tema falaremos neste tópico a contaminação por solventes orgânicos, especificamente a contaminação por benzeno, um dos tipos de solvente mais comumente utilizados em gasolina e outros combustíveis fósseis, sendo também amplamente utilizados também em indústrias automobilísticas, químicas, alimentícias e outras.

Contaminação e efeito em humanos
Os modos de intoxicação por benzeno mais comuns são por inalação do vapor do solvente (exposição ao cheiro da gasolina, uso de drogas de abuso) e por contato direto com a solução contendo benzeno e outros solvente orgânicos.   

                
                   
Figura 1: diferentes locais de absorção de substâncias toxicas (adaptado de Hodgson; Levi. 1987)




O benzeno é oxidado no citocromo P450 no fígado. Uma vez formado, o benzeno oxidado e seus metabólitos, como as benzequinonas e os benzeno-epóxido, podem reagir com proteínas celulares, alterando sua conformação. Metabólitos fenólicos, entre eles o 1,4-benzoquinona, são transportados para o local onde causam grande dano, a medula óssea. Ao produzir substâncias reativas ao oxigênio, eles afetam o DNA ou enzimas como a topoisomerase II, uma importante enzima no processo de síntese do DNA, provocando danos cromossomais, como translocações e aneuploidia. Danos nas células tronco resultariam em uma reação leucemogênica. 

Sintomas











  O “LT” – limite de tolerância para o benzeno deve ser substituído pelo “VRT”- Valor de Referência Tecnológico, que é de 1,0ppm, por se tratar de um produto cancerígeno para humanos, este não possui concentração segura.

                A menor concentração e dose tóxica descritos em estudos científicos são de 1.500ppm (60/min) e 210ppm respectivamente, valores estes limítrofes para dar início aos efeitos tóxicos no sangue e posteriormente aos carcinogênicos.

                Segundo a legislação brasileira, Portaria do Ministério do Trabalho de 20 de dezembro de 2001, o indicador de exposição adotado no Brasil para o benzeno é o ácido trans, trans mucônico na urina (AttM-U).



                Tratamento

Não existe tratamento medicamentoso capaz de promover a cura e, uma vez afetada a medula óssea, esta lesão é permanente, ainda que o exame do sangue periférico tenha retornado à normalidade. Estudos realizados em medula óssea de trabalhadores acometidos identificaram o tempo médio de 5 anos para que o exame de sangue volte ao normal após o afastamento da exposição, não significando estado de cura (RUIZ, 1989; AUGUSTO, 1991).  Deste modo destaca-se a prevenção como melhor forma de evitar a intoxicação por benzeno.



             Referências

 


2- Renato et. Al. Sintomas relacionados à exposição ocupacional ao benzeno e hábitos ocupacionais em trabalhadores de postos de revenda de combustíveis a varejo na região sul de Santa Catarina vol. 12

3- Efeitos da exposição ao Benzeno para a saúde. Série benzeno fascículo 1 - Ministério do trabalho e emprego.https://fasul.edu.br/portal/files/biblioteca_virtual/7/efeitosdobenzeno.pdf


quarta-feira, 15 de março de 2017

SAVE THE DATE

Olá pessoal, 

Já ouviram falar sobre o Cobalto e o Benzeno, e como eles influenciam o corpo humano no ambiente de trabalho?

Fique por dentro, postaremos novidades! 


quinta-feira, 9 de março de 2017

Os clorofluorcarbonetos (CFCs)

Os clorofluorcarbonetos (CFCs) são compostos artificiais que possuem carbono, flúor e cloro em sua estrutura, como o próprio nome diz. Eles são compostos pertencentes a função química dos haletos orgânicos que são estruturas que apresentam halogênios ligados à cadeia carbônica. Eles são gasosos e possuem um efeito muito nocivo à camada de ozônio, ocasionando sua degradação por reagirem com o gás ozônio e transformá-lo em gás oxigênio.



Segundo estudos esses gases contribuem em 14% para a destruição desta camada e isso ocorre conforme a reação abaixo:
            

O átomo de cloro livre, atacará uma molécula de O3, resultando em uma molécula de O2 e outra partícula altamente instável, que acabará por atacar uma outra molécula de O2.



Nesse processo, o átomo livre de cloro, liberado pelos compostos CFCs, não é efetivamente consumido no processo, podendo atacar outras moléculas de O3, comportando-se como o catalisador no processo de destruição da camada de ozônio.

Na questão dos efeitos ambientais, investigações mostraram que a radiação ultravioleta do tipo B, tinha diversos efeitos maléficos: No homem provoca a catarata, além de deficiências do sistema imunológico; nas plantas retardam o crescimento e reduzem o número de folhas; há efeitos negativos nos organismos aquáticos, e a exposição excessiva é a causa primária da degradação dos plásticos.

Em 1987, 25 países adotaram o Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio. O Brasil tem se mostrado pró-ativo ao antecipar-se ao prazo de eliminação da produção e uso das substâncias destruidoras da camada de ozônio, determinadas pelo Protocolo. Este documento tornou-se a base legal para o esforço mundial de proteção à camada de ozônio, através de controles sobre a produção e consumo de CFC. 

Referências: 

 SILVA,  Darly Henriques da.; Protocolos de Montreal de Kyoto: pontos em comum e diferença fundamentais. Disponível em: <http://web.a.ebscohost.com/ehost/pdfviewer/pdfviewer?sid=4bdab67c-9c47-4f44-829f-9a69c969887f%40sessionmgr4006&vid=1&hid=4114>

Ministério do Meio Ambiente. Disponível em: < http://www.mma.gov.br/estruturas/173/_arquivos/indicador_cfc.pdf>

Imagem: <http://slideplayer.com.br/slide/1467376/>



segunda-feira, 6 de março de 2017

Olá pessoal!

Somos um grupo de alunos do curso de Farmácia . Criamos esse blog na disciplina de Toxicologia, com o intuito de discutir questões toxicologicas de uma forma mais acessível. 

Fiquem ligados!