Metais pesados - Cobalto
Todas as substâncias que
interagem com os seres vivos, quando em excesso, podem se tornar tóxicas. O
cobalto (Co), assim como todos os micronutrientes essenciais, apresenta duas
zonas de exposição incompatíveis com a vida: tanto a deficiência como o excesso
podem levar à doença ou à morte (National Research Council, 1989; Mertz,
Abernathy, Olins, 1994).
Para a população em geral, a
dieta representa a principal fonte de exposição ao Co. Não existe recomendação
oficial para ingestão diária de Co, exceto no que se refere à vitamina B12
(National Research Council, 1989).
A partir de estudo à cerca do
impacto ambiental da atividade industrial de exploração de Cobalto (Co) em uma
região do Egito os seguintes valores foram descritos:
Figura 1:Fontes de
exposição ambiental ao cobalto e concentrações relatadas na literatura
A principal utilização industrial
do Co é na produção de ligas metálicas, nas quais a exposição ocorre durante o
processo de moagem do minério, mistura do pó com os outros componentes,
sinterização e posterior usinagem do aço na produção de ferramentas e peças
para maquinários, tais como brocas e discos para polimento (Wehner et al.,
1977; Scansetti et al., 1998). Um terço do Co é utilizado na produção de outras
formas químicas, como catalisadores e pigmentos (Goyer, Cherian, 1995).
Absorção e Efeitos Tóxicos
A exposição ocupacional envolve
principalmente o trato respiratório e a pele, sendo o órgão alvo dependente da
via de exposição. Considerando as principais vias de exposição ocupacional.
Experimentos realizados em ratos
(Rhoads, Sanders, 1985) mostraram que, quando o óxido de cobalto é inalado por
instilação intratraqueal (1,5 µg/g), fica retido no pulmão por período
relativamente longo, com meia vida de, aproximadamente, 15 dias, demonstrando
que a absorção pulmonar é lenta para este composto.
Trato respiratório
De acordo com
os relatos de Tolot et al. (1970) e Kusaka et al. (2001), diferentes tipos de
reações podem afetar tanto o trato respiratório superior como também a árvore
brônquica e o parênquima pulmonar. O efeito no trato respiratório superior
ocorre ou como resultado de ação irritativa de partículas contendo Co, ou por
intermédio de reação mediada imunologicamente. Em trabalhadores expostos,
pode-se observar inflamação da nasofaringe ou rinite alérgica. A
hipersuscetibilidade individual desempenha, provavelmente, papel importante,
uma vez que apenas pequena porcentagem de trabalhadores expostos ao Co
desenvolve fibrose intersticial. Em alguns estudos, verificou-se não existir
boa correlação entre o estabelecimento da fibrose e o tempo de exposição
(Demets et al., 1984).
Pele
Em uma indústria de manufatura de
carbetos, cujos materiais utilizados incluíam Co metálico, observou-se aumento
progressivo dos casos de dermatite, sugerindo que o Co pode provocar eczema e
urticária (Schwartz et al., 1945). Reações dérmicas também já foram observadas
em trabalhadores que produziam sais e óxidos de Co (Swennen et al., 1993).
Estas reações se assemelham a dermatite alérgica de contacto caracterizada por
pápulas eritematosas, que se assemelham muito àquelas provocadas pelo níquel
Efeito carcinogênico
Em vários estudos epidemiológicos
realizados com trabalhadores expostos ao Co nas suas diferentes formas foi
constatado aumento no número de casos de câncer de pulmão. A autenticidade da
origem ocupacional da doença não pôde ser estabelecida devido ao número muito
baixo de casos, além de estar associado ao tabagismo e à exposição simultânea a
arsênio e níquel (Mur et al., 1987; NIOSH, 1987; Comission of European
Communities Industrial Health and Safety, 1987; Hogsted, Alexandersson, 1990).
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico é baseado em um histórico
de exposição e ocorrência de danos pulmonares compatíveis. O tratamento consiste
em remover o paciente da fonte de cobalto iniciando o tratamento suportivo e sintomático;
N-acetilcisteína e CaNa₂EDTA, mas não há evidencias clinicas do benefício.
Referências
Atecla Nunciata Lopes Alves1*,
Henrique Vicente Della Rosa2. Exposição
ocupacional ao cobalto: aspectos toxicológicos. vol. 39, n. 2, abr./jun.,
2003
Soares Jose L.M.F et. Al. Métodos diagnósticos: Consulta rápida. 2ª edição, 2012; editora Artmed.
Goldman Cecil Medicina. Vol. 1 ed. 24.
Mertz
W., Abernathy C.O., Olin S.S.; Risk Assesment of Essencial Elements. ILSI
Press, Washington, D.C. 300pp., 1994.
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